sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O pecado da letra maiúscula- Traduções tendenciosas




No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. João 1:1. Todas as coisas foram feitas por ela [a palavra], não “por Ele”.

Assim as versões em Inglês e português não teriam pressa para concluir, como faz a King James Version de 1611 (influenciada pela versão católica romana Reims, 1582 ) e seus seguidores, que a palavra era uma pessoa, o Filho, antes do nascimento de Jesus. Se todas as coisas foram feitas por meio da “palavra”, com um “it” na versão em inglês, um significado bem diferente emerge. A palavra “não seria uma segunda pessoa existente ao lado de Deus, o Pai da eternidade”. O resultado é este: um dos principais alicerces dos sistemas tradicionais sobre os membros da Divindade seria removido. Há mais a ser dito sobre essa frase inocente: No princípio era o Verbo. Não há qualquer justificação no original grego para a colocação de uma letra "V" (maiúscula) em “verbo” e, portanto, convidando os leitores a pensar que se trata de uma pessoa. Isso é uma interpretação imposta sobre o texto, acrescentada ao que João escreveu. Obviamente há ecos de Gênesis 1:1 e versículos seguintes aqui: “No princípio, Deus criou os céus e a terra... e Deus disse: [usando a sua palavra]”, “Haja luz”. Deus disse: significa que Deus pronunciou a Sua palavra, o meio de Sua atividade criadora, Sua dicção poderosa. Os Salmos 33:6 fornecem um comentário sobre o Gênesis: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus”. E assim, em João 1:1 Deus manifestou sua intenção, a sua palavra, sua auto-expressão, revelando a criação.

NO PRINCIPIO ERA A PALAVRA E A PALAVRA ESTAVA COM DEUS E DEUS ERA A PALAVRA.

Note o leitor que  nas traduções comuns há uma distorção, o texto originalmente fala DEUS ERA A PALAVRA e não A PALAVRA ERA DEUS.  Na frase em latim de João 1:1 - DEUS ERAT VERBUM, DEUS está no nominativo, logo Deus é o sujeito da oração.  Quando dizemos DEUS ERA A PALAVRA, Deus é o sujeito da frase, mas quando dizemos A PALAVRA ERA DEUS, tornamos A PALAVRA o sujeito da frase e lhe damos um atributo - SER DEUS - o que não está no original grego nem latim. Se formos ao livro do Gênesis vamos ver que todas as coisas foram criadas através da palavra de Deus ; por exemplo:- Disse Deus, haja luz e houve luz. Se admitir que o verbo era Deus, como está na maioria das traduções, então temos dois deuses, porque mesmo a doutrina da trindade admite que são pessoas distintas. Sendo assim, se o VERBO ESTAVA COM DEUS E ERA DEUS - SEGUE-SE QUE SÃO 2 DEUSES E NÃO 1. (QUEBRA DO MONOTEÍSMO BÍBLICO).

Mesmo que alguns tradutores, como os da Torre de Vigia (Testemunhas de Jeová) TEIMEM em colocar o artigo indefinido - UM - entre colchetes antes da palavra THEÓS (E A PALAVRA ERA [UM] DEUS), admitem que na construção em grego não existe tal "artigo indefinido antes de THÉOS", mas cometem o mesmo erro da maioria das traduções - invertem o sentido da frase na tradução, alterando portanto seu significado e atribuindo ao LOGOS uma pessoalidade, não uma característica. O LOGOS DE JOÃO no Novo Testamento tem as mesmas características do DAVAR do Antigo Testamento, possui uma dimensão que comunica um pensamento, uma intenção, ou seja  A PALAVRA QUE CRIA E GUIA A HISTÓRIA. (Veja Isaías 55:10,11).

Esta leitura da passagem de João em nossas traduções fornece suporte vital para a doutrina tradicional da Trindade, em partes iguais pelo Pai e o Filho desde a eternidade.  Parafraseando, as versões às vezes vão muito além do original em grego. As versões contemporâneas interpretam João para dizer que dois seres estavam presentes no início. Sem dúvida, de acordo com essa tradução, a palavra seria equivalente a um eterno Filho.  Seria certamente entendido neste sentido por aqueles educados nos concílios pós-bíblicos.

Mas por que os leitores pulam de "palavra" para "filho"?  O texto simplesmente diz: "No princípio era a palavra", não "No princípio era o Filho". A substituição de "Filho" para "palavra", que para milhões de leitores parece ser um reflexo automático, teve dramáticas conseqüências.  Ela tem exercido uma poderosa, mesmo hipnotizante influência sobre os leitores da Bíblia. João escreveu: "No princípio era a palavra". Ele não disse: "No princípio era o Filho de Deus". Não há, de fato, nenhuma menção direta ao Filho de Deus, até chegarmos ao versículo 14, onde "a palavra se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a glória do Filho único, cheio de graça e de verdade." Antes do versículo 14 estamos no mesmo âmbito como falaram os pré-cristãos sobre a sabedoria: estamos tratando com PERSONIFICAÇÕES em lugar de pessoas, AÇÕES PERSONIFICADAS DE DEUS em lugar de um Ser Divino individual como tal. O ponto está obscurecido pelo fato de que temos que traduzir LOGOS como ELE (verbo) através do texto. Porém se traduzirmos LOGOS como "MANIFESTAÇÃO OU EXPRESSÃO DE DEUS" se fará mais evidente que o texto não tem a intenção de que se pense no LOGOS dos versos 1 a 13 como um ser divino pessoal.

A ambigüidade no grego (DI AUTOU), "por ela" ou "por ele" de João 1:3 permite uma palavra "impessoal" antes de Jesus nascer. A ambigüidade surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto. A impessoalidade da palavra está sugerida pelo próprio comentário sobre João 1:1 em 1 João 1:2. A "vida eterna" impessoal que estava com O PAI (PROS TON THEON), isto é, a promessa da vida eterna que seria provida por Cristo. Pedro parece fazer eco da mesma idéia quando descreve Jesus como o Cordeiro de Deus que foi "predestinado antes da fundação do mundo, porém manifestado nestes últimos dias" (1 Pedro 1:20).

Uns versículos antes, ele usa o mesmo conceito de predestinação ao falar do plano de Deus para chamar os cristãos à salvação (1Pedro. 1: 2). A aplicação deste conceito a Jesus no verso 20 indica uma "preexistência ideal" nos eternos conselhos de Deus e não uma existência real em outra dimensão antes de seu nascimento como ser humano. Um paralelo interessante ocorre no livro do Apocalipse, onde todas as coisas "são e foram criadas" (Apocalipse 4:11). Esta frase sugere que todas as coisas que são, existiram primeiro na vontade eterna de Deus e por essa vontade vieram à sua real existência no seu devido tempo.

O SIGNIFICADO DE "PALAVRA"

PALAVRA (Gr. logos) - (1) A expressão do pensamento; não o mero nome de um objeto: (a) encarnando uma concepção ou idéia (por exemplo, em Lucas 7:7; 1Coríntios 14:9,19); (b) Um dito ou afirmação. (c) Discurso, prática, dito de instrução. (DICIONÁRIO EXPOSITIVO DE VINE).

PALAVRA (Gr. Logos) - Do ato de falar. Palavra proferida a viva voz que expressa uma concepção ou idéia. O que alguém disse. Discurso, doutrina, ensino. (LÉXICO GREGO DE STRONG).

PALAVRA (Heb. Davar) - Ocorre cerca de 1455 vezes. Em contextos jurídicos, significa disputa (Êxodo 18:16, 19; 24:14), acusação, sentença, a alegação, transferência e disposição... [caso contrário o pedido], decreto, a conversa, o relatório, o texto de uma carta, letra de uma canção, promessa, anais de eventos, mandamento, plano (Gênesis 41:37; 2Samuel 17:14, 2Cronicas 10:4; Ester 2:2; Salmos 64:5, 6; Isaías 8:10), a língua ... Daniel 9:25: decreto de um rei; [também:] coisa, assunto ou evento.

OBS.: PESSOA LITERAL NÃO É ENCONTRADA EM NENHUMA DAS DEFINIÇÕES ACIMA PARA LOGOS

(Marcelo Alexandre do Valle - www.igrejadedeusemsaopaulo.org.br )


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