Ela comandou oito bocas de fumo entre BH e Ribeirão das Neves nos anos 1970 e 1980. Hoje, Leida Batista atua como missionária em penitenciárias e em uma igreja na capital (Estado de Minas).
Da primeira impressão que se tem ao ser apresentado a Leida Gabriel Batista, 60 anos completos em outubro, fica a imagem de uma vovó de antigamente, de coque nos cabelos e saia comprida. Faladeira, a velha senhora recita passagens inteiras da Bíblia. Sabe dizer de cor números dos capítulos e versículos. É difícil acreditar que essa pessoa seja a mesma Vovó do Pó, conhecida também como Baiana, ex-traficante de drogas que, sozinha, chegou a comandar oito bocas de fumo da Vila do Índio, na Região da Pampulha, em Venda Nova, e na Vila São José, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte.

"Do mesmo jeito que veio, o dinheiro fácil do tráfico foi embora. Leida mora hoje em barracão alugado de três cômodos na Favela São José, em Neves. Paga R$ 250 por mês, quase a metade do benefício da aposentadoria especial de um salário mínimo, obtida por ser dependente de remédios controlados. Desde 1974, foi internada cinco vezes para desintoxicação no Galba. Da última vez, em 2001, segundo ela mesma conta, negaram-se a acreditar que Leida havia se convertido e abandonado a vida de traficante. “O médico que me acompanhava brincou comigo: “Meu Deus, agora ela enlouqueceu de vez. A Vovó do Pó virou Vovó de Deus?”, teria dito o doutor. Segundo um delegado aposentado da ex-Divisão de Tóxicos, traficantes antigos, de 15, 20 anos atrás, foram presos ou tiveram seus bens tomados pela Justiça. Ele garante que se lembra da Baiana – morena e bem falante. Ela teria perdido um carro confiscado pela polícia com drogas em seu interior. Leida, porém, admite apenas ter “fritado” (para o crack) o barracão de cinco cômodos deixado como herança pelos pais. Recebe R$ 100 do templo evangélico e descola vez por outra o almoço nas casas das amigas da igreja. ((jornal O Estado de Minas)
“Sei de gente que me critica por aí. Questionam que depois de todas as maldades que fiz agora ando com a Bíblia embaixo do braço. Não devo mais nada para a Justiça e quem tem de me julgar é Deus. Só ele pode dizer se passei por essa experiência para que hoje pudesse ajudar a resgatar mais almas.”
O jornal O Estado de Minas (EM) fez uma reportagem especial falando sobre a vida da ex-vovó do pó e de como ela se converteu, isso no ano 2000, falando também de sua participação no Culto dos Resgatados, da Igreja Batista da Lagoinha, onde Leida, hoje com 60 anos, esteve recentemente.

Dois anos depois Leida descia às águas do batismo, mas mesmo assim precisou enfrentar algumas internações e recaídas até que pudesse ficar completamente livre do consumo das drogas.
Hoje, nove anos depois de estar completamente limpa, Leida tem visitado presídios três vezes por semana ministrando palestras de conscientização mostrando que o crime não compensa e que há libertação em Jesus.
“Vovó do Pó, não! Baiana, não! De hoje em diante, exijo ser chamada por meu nome de batismo: Leida Gabriel Batista, a seu dispor”. Com esse apelo emocionado, a mulher encerra seu depoimento na Igreja Batista da Lagoinha. Está dado o recado. Ela agora quer ser só vovó. Quando um filho tinha seis meses e o outro dois anos, Leida partiu para São Paulo, voltando apenas quando os filhos tinham 13 e 12 anos. “O meu mais velho me chama de mãe e o mais novo de Leda. Eles ainda não deixam meus netos sozinhos comigo. De vez em quando, consigo fazer uma comidinha especial ou cortar o cabelo de um deles. Se eu soubesse antes que era tão bom andar assim...”
(Fontes: Jornal O Estado de Minas/Gospel prime Noticias).
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