sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Se Jesus não é Deus igual ao Pai o que dizer dos versículos onde se diz que as pessoas o adoravam?

Há temas que a maioria das pessoas não tem a menor diferença e que para elas tem  pouco ou  nenhum sentido. E os estudos dominicais são ao meu ver sem quase nenhuma profundidade. E isso é refletido no dia-a-dia dos cristão. Hoje eu postarei para você sobre um tema que as vezes é pouco comentado ,mas que gera muita confusão no meio evangélico: "Se Jesus (Yahushua) não é D'eus (Yaveh), porque ele é adorado na bíblia? 




Para entendermos porque o verbo “adorar” é usado em aplicação a Jesus, precisamos primeiro descobrir qual a palavra original que foi vertida por “adorar” e qual é o seu significado dentro do contexto bíblico.
Nas referências onde aparecem a tradução “adorar” ou suas conjugações, o correspondente grego é προσκυνέω (proskynô), que pode ser traduzido por “adorar”, “reverenciar”, “receber respeitosamente”, “inclinar-se”, “prostrar-se” e etc. A palavra indica também sinal de sujeição. Por vezes é usada juntamente com o verbo “πίπτω” piptô (cair por terra, denotando o movimento de prostrar-se). É mais uma palavra grega cuja falta de equivalente exato causa prejuízo no entendimento das Escrituras. A ideia fortemente contida na palavra é reverência. É composta por duas outras palavras: “πρός” (pros) e “κυνέω” (kynô); a primeira é uma preposição, que indica proximidade e direção, e a segunda é o verbo beijar (alguns entendem: beijar a mão), outros entendem uma composição com o substantivo “κύων” (cachorro), denotando o respeito que o cão tem ao seu dono quando sai ao seu encontro para lamber-lhe a mão.

Em seu uso comum, dentro da Bíblia Sagrada, ressalta-se o sentido de reverência, respeito, reconhecimento de superioridade hierárquica ou até mesmo sinal de humildade por parte de quem presta a reverência. Seguramente não é um termo de uso exclusivo no relacionamento do homem para com Deus.

Encontramos “proskynô” sendo usado, por exemplo, em Gn. 23.7,12, quando Abraão se inclinou diante dos hititas na terra onde sepultaria Sara. Essa mesma palavra é usada para indicar que Abraão se prostrou diante dos homens que anunciaram o nascimento de Isaque, Gn. 18.2. É ainda a mesma usada para dizer que Ló se prostrou com o rosto em terra ao receber os dois anjos que o iria livrar da destruição de Sodoma e Gomorra. Jacó quando se reencontra com Esaú, ele juntamente com sua família se prostra diante de seu irmão, e, é o mesmo verbo usado na benção de Isaque sobre Jacó em Gn. 27.29. Na benção de Jacó a Judá, Gn. 49.8. No sonho de José onde os feixes que representavam seus irmãos se prostraram diante dele e já no Egito, seus irmãos, de fato, se prostraram (adoraram) diante José, Gn. 43.26. O próprio Moisés “adorou” (reverenciou, mostrou-se sujeito a) seu sogro e o beijo em Ex. 18.7 É o mesmo usado nos 10 mandamentos em Ex. 20.5. Rute também prostrou-se diante de Boaz Rt. 2.10. Ao condenar a família de Eli, Yahweh diz que dos que deles sobrassem iriam se inclinar (adorar) ante aquele que iria tomar o lugar de Eli pedindo comida, I Sm. 2.36. Davi prostrou-se diante de Jônatas I Sm. 20.41. Sibá, servo de Maribaal, se prostra (adora) a Davi, II Sm. 16.4. A Bíblia diz: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se (ἔπεσεν) sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou (προσεκύνησεν) à terra.” (I Sm. 25.23 – LXX) . O próprio Natã, profeta de Yahweh, portanto alguém muito cônscio de suas obrigações com Deus, “adora” (se o conceito trinitário fosse o correto a palavra seria “adora”) Davi em I Rs. 1.23, “E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis aí está o profeta Natã. E entrou à presença do rei, e prostrou-se (προσεκύνησεν) diante dele com o rosto em terra.” E como não podia deixar de ser, é também quando lemos Abraão dizer que iria adorar (prestar reverência a Deus em obediência à ordem que recebeu) juntamente com seu filho, Gn. 22.5. E a mesma em passagens como em Gn. 24.26, no trato que Eliezer dá a Yahweh.

Todos essas ocorrências, e não somente as que se referem a Deus, poderiam ser traduzidas por “adorou”, “adoraram” e assemelhados, mas porque não foram? Simplesmente por opção do tradutor. Ele poderia ter traduzido todos, inclusive as que se referem a Deus por “reverenciou”, “reverenciaram” e etc. Pois bem, isso mostra que a visão que o indivíduo tem da passagem bíblica influi diretamente em sua compreensão do texto e na tradução produzida.



Feitas essas considerações, reflitamos sobre sua aplicação a Jesus, Nosso Senhor. Leiamos Mt. 2.2. Lá encontramos os magos perguntando pelo nascido rei dos judeus, e dizendo “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.” (ARC). Será que os magos vieram do oriente para “adorar” um rei dos judeus? Ora, não são os judeus monoteístas? Os pais da criança concordariam com um culto ao seu filho? Será que aqueles homens entendiam que o menino fosse o próprio Deus, nascido (?) por aqueles dias? Certamente o sentido de proskynô aqui é o mesmo daquele usado no Antigo Testamento para reverenciar líderes e reis, e os magos vieram prestar homenagem como a bem traduz a própria BJ: “… vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. Era natural para um rei ser reverenciado, isto fica evidenciado até mesmo pelos soldados romanos responsáveis por punirem Jesus antes de sua crucificação, ironizando dizem: “Salve, Rei dos Judeus … e postos de joelhos o adoravam”. A bíblia do Peregrino prefere “prestavam homenagem” ao referir-se a ação dos soldados. “Adorar” aqui, ainda que por escárnio, é sem dúvida, reverenciá-lo como um rei dos judeus e não como um Deus cultual, até porque os romanos não tinham ao Pai de Jesus como seu Deus, nem a Jesus mesmo como Deus, mas como um provável rejeitado “rei dos Judeus”, e isso está explicitado na placa fixada na cruz: “ … por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS” (Mt. 27.37). As próprias ofertas dadas pelos magos revela o tríplice ministério de Jesus, ouro (rei), incenso (sacerdote) e mirra (profeta). Eles não ofereceram ao menino algum animal imolado como se estivesse sacrificando a Deus. Pelo que se percebe, os magos não o estava considerando Deus, mas alguém que teria ofícios dignos de honra aqui na terra, um Rei. (Continua..)

(Fonte: Valdomiro-Unitarismo bíblico)

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