quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A lepra de Naamã

“Naamã, comandante do exército do rei da Síria, era grande homem diante do seu senhor e de muito conceito, porque, por ele o Eterno dera vitória à Síria; era ele herói da guerra, porém leproso”. (II Rs 5:1)

Nós,na maoiria das vezes, estamos acostumados a ver e a ter Eterno para nós mesmos; sentimos como se ele fosse nossa propriedade particular. Apesar de crermos que só existe um Yahuh verdadeiro, admitimos que outros povos e nações tenham outros deuses; e, de fato, infelizmente, eles têm outros deuses. Mas, a despeito de tudo isso ser verdade, veremos neste artigo, que o único e verdadeiro Yahuh pode perdoar e salvar eternamente qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. A experiência de Naamã nos ensina que Yahuh é livre, que é soberano para agir como e onde quer. Veremos que Yahuh é misericordioso e bondoso para com qualquer pessoa que dele se aproxima e nele acredita, independentemente de cor, cultura, posição social, nacionalidade. O gentio e pagão Naamã foi alcançado e transformado por essa maravilhosa graça, tornando-se um adorador do Yahuh vivo.

Para compreendermos corretamente a história de Naamã, narrada em II Reis 5, é necessário olharmos o ambiente político e espiritual da época. 

Naquele tempo, a realidade em Israel era profundamente degradante, pois a nação estava em profunda apostasia. O rei Acabe e a rainha Jesabel haviam enlameado a fé do povo de maneira tão grande que a feitiçaria assumiu o lugar da fé no Eterno. Morto Acabe, Acazias assumiu o poder; doente, o novo rei fez questão de aprofundar o declínio espiritual da nação, dando a seguinte ordem a seus servos: 

"Ide e consultai a Baal Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença. Mas o Anjo do Eterno disse a Elias, o tesbita: Dispõe-te, e sobe para te encontrares com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura, não há Yahuh em Israel, para irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom?" (II Rs 1:1-2)
Foi nesse ambiente de enfrentamento da falsa espiritualidade pagã com a verdadeira espiritualidade do Eterno Yahuh que Elias exerceu seu ministério (cf. I RS 18-19). 

Na época, Elias enfrentou a falsa e arrogante espiritualidade interna dos reis de Israel. Internamente, Eliseu, por sua vez, teria de lutar contra a arrogância espiritual dos reis e dos sacerdotes de Israel, e, externamente, teria de lutar contra a arrogância espiritual dos reis e sacerdotes pagãos. Naamã, por exemplo, que era comandante do poderoso exército da Síria, cujo rei era Bem-Hadade (II Rs 8:7), com a permissão do Eterno, obtivera grande vitória contra um de seus inimigos. Essa façanha militar deixou-o famoso entre seu povo.

No capítulo 5 de II Reis, a Bíblia diz que "Naamã era grande homem diante do seu senhor e de muito conceito (...); era ele herói da guerra, porém leproso" (v.1). Se Naamã fosse um israelita, jamais teria alcançado ascensão profissional tão alta, pois, em Israel, um leproso era banido da sociedade (cf. Lv 13-14). Mas, conquanto Naamã se sentisse respeitado, evidentemente, desejava se ver livre da lepra. A medicina da época não tinha competência para curar sua doença. Por sua vez, o deus da Síria, Rimom, também se mostrara incompetente para curar o general. Por conta disso, este homem, mesmo famoso, era infeliz, desesperado. Essa situação incomodou muito o coração de uma menina israelita, que havia sido levada cativa para a Síria e se tornado escrava a serviço da mulher se Naamã (5:2). Não resistindo, a menina “intrometeu-se” no problema de seu patrão, dizendo à sua esposa: "Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra" (II Rs 5:3). 

Imagine a situação: um grande general submetendo-se à sugestão de uma escrava. Como não havia alternativas, Naamã compartilhou a idéia da menina com o rei (II Rs 5:4). Em resposta, o monarca lhe disse: "Vai, anda, e enviarei uma carta ao rei de Israel. Ele foi, levando muito dinheiro" (II Rs 5:5).
Não é de hoje que as pessoas tentam comprar as bênçãos do Eterno. Não é de hoje que as pessoas tentam pagar pelo dom do Todo-Poderoso Yahuh.
A carta do rei da Síria ao rei de Israel era curta e direta: "Logo, em chegando a ti esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures da sua lepra" (II Rs 5:6). Ao ler a carta, o rei Jorão se desesperou: "rasgou suas roupas e declarou: Acaso, sou Yahuh com poder de tirar a vida ou dá-la, para que este envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?" (II Rs 5:7a) 

Que decepção: o principal líder do povo de Yahuh não confiava no poder do Eterno! Jorão era um burocrata, um tecnocrata da fé. Ele lia os acontecimentos tecnicamente: "Notai, pois, e vede que [o rei da Síria] procura um pretexto para romper comigo" (5:7b). Yahuh estava enviando gentios para serem abençoados pelo povo eleito, mas o líder desse povo não tinha o menor discernimento espiritual. Friamente, Jorão interpretou a carta como uma declaração de guerra militar, sem se dar conta de que a guerra era outra: a luta entre o falso deus sírio, Rimom, e o verdadeiro D'eus israelita, Yahweh.

Para a decepção de Naamã, o profeta do Eterno sequer se dignou a recebê-lo; tão somente lhe mandou este recado: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo" (II Rs 5:10). 

Teria sido isso uma grosseria de Eliseu? Não! Ele era um homem verdadeiramente espiritual, e, por isso, sabia discernir as coisas espiritualmente (cf. I Co 2:13-14 ); sabia que estava lidando com um homem profundamente arrogante. Eliseu estava certo, pois o general leproso ficou indignado: "Não são, porventura, Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não poderia eu lavar-me neles e ficar limpo? E voltou-se e se foi com indignação". (v.12)


Explicitamente, o general verbalizou sua arrogância interior; mostrou seu desprezo pela terra e pelos rios israelitas; deixou claro que estar ali era uma grande humilhação e que lhe era ridículo ter de obedecer às ordens de um homem que sequer se dignara a recepcioná-lo. Nesse ínterim, um subordinado de Naamã entrou em cena, e, com ousadia, dirigiu-se ao grande general, dizendo-lhe: "Meu pai, se te houvesse dito o profeta alguma coisa difícil, acaso, não a farias? Quanto mais, já que apenas te disse: Lava-te e ficarás limpo" (II Rs 5:13).

O arrogante Naamã sabia que os rios Abana e Farfar, da Síria, eram limpos; ele estava ciente de que suas nascentes estavam nas montanhas alimentadas por colinas. Também era de seu conhecimento que o rio Jordão era barrento, lamacento e sujo, porque sua nascente era nos vales. Naamã usou a seguinte lógica: seria mais natural que as águas limpas dos rios da Síria pudessem curá-lo, e não as do Jordão. Acontece que o Eterno não trabalha com a “lógica natural”dos homens. Naamã estava equivocado: as águas não têm poder de curar e o problema não era a qualidade delas, mas, sim, a arrogância dele. Por essa razão, Yahuh decidiu humilhá-lo, fazendo-o mergulhar num rio lamacento e fedorento, para, depois, curá-lo, não com água suja, mas com seu imenso poder, sua graça e sua misericórdia.

E assim foi feito: Naamã engoliu o orgulho e entrou no rio. Enquanto emergia e submergia, sentia que algo acontecia com seu corpo; a dor das feridas parecia arrefecer-se, a textura da pele dava a sensação de estar alterada; as mãos de Naamã correram por todo o seu corpo e constataram que a pele já não estava cascuda, mas macia como a de um adolescente. Naamã estava curado! 


LIÇÕES DA VIDA DE NAAMÃ
Cuidemos para não nos tornarmos arrogantes.
A arrogância acompanha de perto a fama e o sucesso. As conquistas humanas são regadas pelo reconhecimento público, pela veneração aos vitoriosos. Naamã não sabia lidar com o respeito, nem com a honra; era jactancioso, orgulhoso, vaidoso. Do cume de sua altivez, o general não enxergava o Eterno Yahuh de Israel, nem o valor espiritual desse povo. 

Cuidemos para não nos tornarmos incrédulos.
O autor aos hebreus garante que muitos não puderam entrar [no descanso de Yahuh, isto é, obter a salvação] por causa da incredulidade (Hb 3:19). Aos que já entraram nesse descanso, ele faz um apelo: "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Yahweh vivo" (Hb 3:12)

Cuidemos para que a humildade seja uma marca em nossa vida.

Enquanto se manteve altivo e arrogante Naamã amargou a lepra e a perdição. Humilhado por pessoas “inferiores” a si, decidiu engolir o orgulho e obedecer ao profeta de Yahuh. 
Seu ato de humildade resultou em salvação e cura. A arrogância cedeu à adoração e perdão. Nasceu um novo homem para a vida! Sua transformação foi tão real que, séculos depois, Yahuhsua deu testemunho dela com estas palavras: "Havia também muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro" (Lc 4:27). 

Aja ao contrário disso: Faça da humildade a marca mais importante de sua vida. E lembre-se também: "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado" (Mt 23:12).

CONCLUSÃO: 
Sem dúvida, Naamã passou por uma experiência transformadora: de homem poderoso e arrogante, a uma pessoa humilde na presença do Eterno. Ao voltar curado e salvo para seu país, levou consigo o compromisso de ser fiel ao único e verdadeiro Yahuh. Não sabemos como viveu, que testemunho deu, que resultados obteve na Síria, mas podemos dizer que sua vida nunca mais foi a mesma; ele mudou para melhor. Podemos até imaginar a alegria da menina, serva de sua esposa, ao ver o poderoso general entrando em casa, limpo da lepra e rendido ao Yahuh de Israel. "Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra", dissera ela. 

Seu desejo fora satisfeito, sua oração fora respondida. 

Só o Eterno é Yahuh! 


Fonte: Texto de autoria do Pastor José Lima de Farias Filho, adaptado por PCamaral para ilustrar a série "Homens de Mulheres da Bíblia - O exemplo dado por eles"

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