domingo, 17 de fevereiro de 2013

A força do Perdão


I) INTRODUÇÃO: 
Mattityahu (Mateus) 18:23-35 – Por isso o reino de Yahuh pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores [carcereiros], até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”.; Luka (Lucas) 7:47 – “Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama”.

Assim como o perdão de Yahuh para o homem é peça fundamental no plano da redenção, a disciplina do perdão deve estar bem no centro do viver dos discípulos de Yahushua. A verdade é que não temos problemas com o conceito; é fácil falar sobre o perdão. Praticar é que é difícil, já que nossos referenciais e padrões de justiça são muito diferentes dos de Yahuh. É comum guardarmos ressentimentos justificáveis, ou seja, segundo nossa ótica humana falha, estamos "cobertos de razão" em não perdoar, pois o que fizeram conosco é "imperdoável".

Em outras ocasiões ficamos procurando sinais verdadeiros de arrependimento nas pessoas para que então possamos "do alto da nossa magnificência", liberar o perdão para elas. Frequentemente relembramos aos outros da necessidade de arrependimento antes que lhes perdoemos. Desse modo muitas vezes somos farisaicos e rápidos em achar faltas, mas tardios em reconhecer que também somos falhos, também precisamos ser perdoados, e só somos o que somos porque um dia Yahuh nos perdoou através do sacrifício de Yahushua HaMashiach.

II) - O QUE É O PERDÃO?


Perdoar significa conceder a remissão de qualquer ofensa ou dívida, gerada por falta ou transgressão e desistir de qualquer reivindicação, ou seja, liberar o ofensor de qualquer obrigação proveniente de sua falta. Devemos conceder o perdão livremente, não extraindo ou esperando nenhum pagamento por ele. Uma atitude muito comum é condicionar o perdão a um determinado posicionamento ou retribuição, ou seja, é a famosa "chantagem emocional": - "Eu te perdoo, mas você vai ter que dar algo em troca...".

Devemos desistir de qualquer reivindicação e liberar de vez o ofensor a fim de que os dois possam ser livres.

Yahuh nos concede perdão livremente, pois Yahushua pagou o preço no madeiro do Calvário. Assim também nós devemos perdoar segundo o padrão que Ele estabeleceu. Em todo o ensinamento de Yahushua vemos presentes as lições sobre o perdão, que estabelecem um princípio espiritual muito importante que deve reger nossas vidas, não só a conjugal, mas em todas as áreas: se perdoamos, somos perdoados [Mattityahu (Mateus)  6:14,15 – “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”.], pois Yahuh só pode nos perdoar na medida em que estamos dispostos a perdoar os outros”.

III) - CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE PERDÃO


Seguir na direção contrária do plano e da vontade de Yahuh, fatalmente nos leva a um caminho de derrota e destruição. Com o perdão não é diferente. A Palavra de Yahuh nos mostra que a falta de perdão nos mantém em escravidão, debaixo do jugo do inimigo. Se o perdão revela a presença do espírito de santidade de Yahuh em nós, a falta deste abre uma grande brecha para Satanás operar.


Vejamos então suas consequências:

Quando retemos o perdão para aqueles que nos magoaram e feriram, somos entregues aos atormentadores [carcereiros], conforme nos revela o texto de Mateus 18:34. Por isso muitos relacionamentos não prosperam, já que existem demônios que estão habilitados a trazer a contenda e a discórdia pela falta de perdão entre os chaverim. Frequentemente a falta de perdão é a base para formação de fortalezas demoníacas;

Uma das mais sérias consequências da falta de perdão é a amargura, que é o resultado de uma falta de perdão que já dura muito tempo [Ivrim (Hebreus) 12:15 – “Tendo cuidado de que ninguém se prive da misericórdia de Ulohim, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem”.]. O efeito final da amargura é que muitos serão "contaminados" e se permitirmos que se enraíze ela certamente:

- Nos destruirá, muitas vezes se manifestando em doenças físicas e emocionais;

- Atingirá outras pessoas;

- Dará a luz outros pecados;

- Endurecerá e esfriará o nosso coração;

- Esmagará o amor e frequentemente o matará;

A falta de perdão bloqueia nossa comunhão com Yahuh. O Mashiach Yahushua nos instruiu a perdoar nossos irmãos antes de orarmos. Para que possamos caminhar em fé, precisamos manter esse tipo de atitude para com os outros, para que também as promessas de Yahuh não sejam retardadas em nossas vidas [Mattityahu (Mateus) 5:22-26 – “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo eterno. Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”.] e nosso próprio perdão não seja bloqueado, conforme lemos agorinha em Mattityahu (Mateus)  6:14,15.

IV) - COMO LIBERAR O PERDÃO

A palavra fala a respeito daqueles que nós ofendemos como também daqueles que nos têm ofendido. Portanto a falta de perdão afeta tanto ao que se recusa a perdoar, como ao não perdoado.

Devemos seguir uma regra simples:

     * Se nós ofendemos - devemos iniciar o processo de perdão;

     * Se nós fomos os ofendidos - também devemos inicia-lo.

O justificar-se apenas perpetua o pecado e mantém a separação entre as duas pessoas. Geralmente julgamos as outras pessoas pelas ações, mas nós mesmos pelas intenções. Enquanto queremos julgamento para os outros, desejamos misericórdia para nós.

Devemos seguir os padrões bíblicos para o perdão:

O arrependimento da outra pessoa não é necessário para que haja o perdão. Perdoar libera o ofensor para que ele se arrependa (Romanos 2: 4 – “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Ulohim te leva ao arrependimento?”). Tanto o Mashiach Yahushua [Luka (Lucas) 23: 34 – “E dizia Yahushua: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes”.) como Estevão [Maaseh Shlichim (Atos) 7: 60 – “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Ulohim, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu”.], perdoaram seus executores enquanto estavam sendo mortos, mesmo quando não havia nenhum sinal de arrependimento por parte daqueles;

Não há limites para o número de vezes que devemos perdoar [Mattityahu (Mateus) 18:21, 22 – “Então Kefa, aproximando-se dele, disse: Mashiach, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Yahushua lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete”.]. O amor não mantém o registro de erros, mas cobre multidão de pecados [Kefa Alef (1Pedro) 4:8 – “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados”.] e é paciente [Qorintyah Alef (1Coríntios) 13: 4 – “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”.];

Se o seu irmão (ã) estiver repetindo o mesmo pecado perdoe-o como Yahuh perdoa [Yeshayahu (Isaías 43: 25 – “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.]. Yahuh não se lembra de um pecado perdoado. Quando perdoamos de verdade não relembramos os pecados passados. Esquecer significa não ficar pensando no assunto. Cada nova mágoa é como se nunca tivesse acontecido antes. Nunca mencione novamente uma mágoa que já havia sido perdoada (não levante defuntos da cova...!!!);

Muitos erram por não entender que o perdão é um ato da vontade e não um sentimento. Precisamos decidir perdoar e os nossos sentimentos seguirão essa decisão. Devemos fazer com que nossa vontade concorde com a vontade de Yahuh e procurarmos ser orientados pelo Seu espírito de santidade. Somente através do coração amoroso e compassivo dEle seremos capazes de perdoar aos nossos devedores, pois os veremos como Ele os vê. Nossos sentimentos de dor e raiva serão sobrepujados pelo grande amor de Yahuh por aqueles que nos feriram;

Segundo o que lemos em [Mishle (Provérbios) 17: 9 – “Aquele que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que revolve o assunto separa os maiores amigos”.] não devemos falar aos outros a respeito da mágoa que sofremos. Muitas vezes isso acontece nas situações em que se compartilha o acontecido, somente para obter simpatia e compreensão dos outros, expondo o irmão/irmã e a situação permitindo que outros interfiram;

Ulohim não categoriza os pecados como grandes e pequenos. Não podemos justificar o nosso pequeno pecado de justiça própria, por causa do grande pecado de nosso irmão/irmã. Para Yahuh pecado é pecado [Romiyah (Romanos) 3: 23 – “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Ulohim”.]. Quando caminhamos em julgamento, frequentemente, nos tornamos iguais àqueles a quem julgamos. Devemos examinar a nós mesmos e não o nosso irmão/irmã [Luka (Lucas) 6: 37 – “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão”.]. (Obs.: Não estou aqui dizendo que não podemos ou não devamos julgar, alias esse será um dos temas que escolherei para o próximo programa); Muitos justificam sua falta de posicionamento por sua "incapacidade" de perdoar: - "Por mais que eu tente não consigo esquecer o que ele/ela me fez...". Quando se diz "não posso perdoar" na verdade isso significa "não quero perdoar". Isso não é possível pela capacidade humana, mas somente através do poder de Yahuh, pois nEle não há obstáculos para o perdão. Somente com Sua natureza (Seu espírito de santidade) habitando em nós seremos capazes de perdoar e confiar novamente.

Para concluir:




     "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Ulohim em Seu Mashiach vos perdoou". [Efsiyah (Efésios) 4: 32].

Antes de podermos perdoar aos outros, frequentemente precisamos perdoar a nós mesmos, tendo consciência da obra no madeiro e do perdão de Yahuh sobre as nossas vidas. Se não perdoamos, nos mantemos numa posição superior à de Yahuh, cheios de orgulho e arrogância, pois se Ele sendo o Ulohim pode nos perdoar, por que não podemos perdoar ao nosso próximo?

Não podemos nos esquecer de que logo após a queda, homem e mulher ergueram uma barreira entre si, permitindo que a acusação encontrasse lugar no relacionamento. Não podemos permitir nem mesmo pequenas áreas de falta de perdão em nosso convívio com os irmãos/irmãs, e nem que o inimigo reconstrua a "parede" da falta de perdão.

Yahushua veio para destruir toda separação entre nós e Yahuh, e consequentemente, entre nós e o nosso próximo [Mattityahu (Mateus) 27: 51 – “E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras”.]. Permitindo assim nossa entrada diretamente à presença de Yahuh.

Vimos nesse pequeno estudo aspectos práticos sobre a disciplina do perdão, que seguiremos a partir de hoje, para o crescimento e cura dos nossos irmãos e irmãs e também para com os do mundo, enquanto estiver em nossas mãos devemos procurar manter a paz com todos. Vamos rapidamente fazer uma pequena recapitulação em pouquíssimas palavras do que dissemos:


DEVEMOS:

     - Reconhecer que o perdão é um ato da vontade e não um sentimento;
     - Pedir a Yahuh que nos mostre como Ele vê o ofensor;
     - Permitir que a Sua compaixão flua dentro de nós;
     - Escolher fazê-lo, ser obediente;
     - Não se lembrar mais da mágoa perdoada (não ficar pensando nela);
     - Declarar palavras que sejam opostas ao problema;
     - Abençoar aqueles a quem perdoamos.


Presbítero Sérgio- Estudo no programa “CAÇADORES DE MITOS DOUTRINÁRIOS E TRADIÇÕES HUMANAS” levado ao ar no dia 11/01/2013 às 20horas, que pode ser assistido em vídeo no seguinte endereço web: http://www.youtube.com/watch?v=wwZhSbMbm7Q


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