sábado, 15 de dezembro de 2012

Idolotrados Ministérios



Em matéria anterior falei acerca da “idolatria da igreja”, através da qual muitos cristãos têm exaltado a imagem da “igreja institucionalizada”. Fiz menção acerca de uma expressão maravilhosa de João Batista que disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3.30). É triste saber que muitos líderes cristãos de hoje desconsideram este texto bíblico, pois, na realidade, esta expressão de João Batista cabe muito bem para nos fazer refletir acerca da nefasta atitude de exaltação de “títulos ministeriais”, bem assim da prática da má utilização de adjetivos como “pais”, “profetas”, “abraões”, etc, por parte de líderes inescrupulosos, cuja única intenção é incentivar os fiéis de suas igrejas a “reverenciá-los” demasiadamente, “impondo” a eles uma “autoridade” que não corresponde com aquela que a Bíblia demonstra ser a autêntica autoridade de um verdadeiro líder cristão, cujo exercício deve ser através do amor.



Vários clérigos modernos até exigem que os fiéis de suas igrejas os chamem por seus “idolatrados títulos ministeriais”, repudiando completamente o tratamento através da expressão “irmão”, pois não se consideram irmãos de seus “subalternos”, mas sim, “pais”. Nos dias do ministério terreno do Senhor Jesus havia os escribas e os fariseus que idolatravam seus títulos religiosos, como se faz hoje em dia. Inclusive forçavam as pessoas a lhes chamarem de “pais”, porque este título geralmente era atribuído a grandes homens do passado, como Abraão. Jesus censurou esta atitude dizendo: “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus” (Mt. 23.9). O Senhor estava se referindo ao termo “pai” como o título exclusivo utilizado para distinção das autoridades religiosas, não o termo comumente utilizado para grau de parentesco. Russell Norman Champlin, ao comentar o referido texto bíblico, diz o seguinte: “...parece claro que, ao tempo de Jesus, algumas autoridades religiosas vivas cobiçavam esse título ou forma de chamamento, o que demonstra mais claramente ainda a atitude de ostentação e de grande orgulho que alguns elementos exibiam...” (O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume 1, p. 543, 2.ª Edição, 2001, Editora Hagnos, São Paulo/SP).


Os escribas e os fariseus literalmente se consideravam sucessores de Moisés (Mt. 23.2) e exigiam também o tratamento de “mestres”, sendo que o Senhor Jesus os criticou severamente pelas suas atitudes hipócritas (Mt. 23.1-33). No presente tempo em que vivemos o incentivo à idolatria ministerial é tanta, que existem igrejas onde seus fiéis estão sendo estimulados a “semearem em seus líderes”, no sentido de “presenteá-los”, com a promessa de serem abençoados. E por mais incrível que possa parecer, este ato herético e absurdo é ensinado através da distorção e má interpretação de textos bíblicos. Aliás, atitudes como estas não são novas, pois, há centenas de anos antes de Cristo, Deus repreendeu pastores, através do profeta Ezequiel, com as seguintes palavras: “...Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas” (Ez. 34, 2b,3).

Creio que pessoas repreensíveis como estas sejam os “amantes de si mesmos”, mencionados pelo apóstolo Paulo em uma de suas cartas a Timóteo (2Tm. 3.2). É terrível ver que muitos clérigos abandonaram a humildade ensinada pelos apóstolos do Senhor Jesus, como Pedro (At. 1026), que não aceitavam reverência exagerada de seus irmãos, pois se consideravam “homens comuns”, ao contrário de hoje que alguns até se consideram “semideuses”.

A realidade é que muitos fiéis estão sendo induzidos à prática da “idolatria de seus líderes”, que se aproveitam da ignorância bíblica dos mesmos para engodá-los com “vãs sutilezas”. Estas pessoas devem ser alertadas com as mesmas palavras que Paulo usou para advertir os irmãos colossenses: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo...” (Cl. 2.8a).


Por derradeiro, digo que sinto muita tristeza por saber, inclusive por já ter presenciado, que muitos líderes cristãos têm administrado igrejas com os mesmos “métodos políticos” utilizados no mundo, através de “mentiras”, “falsidades”, “jogos de poder”, “manipulações”, “dissimulações”, etc, porém pregando, de maneira hipócrita, mensagens pesadas e coercitivas às “suas ovelhas”, como se fossem pessoas sérias e irrepreensíveis. Assim já agiam os fariseus e os escribas da época de Jesus, os quais ele chamou de “serpentes” e “raça de víboras” (Mt. 23.33). Mas, por outro lado, sinto alegria e conforto por saber que podemos anunciar a todos os demais cristãos que somos livres e não precisamos nos submeter aos desmandos de líderes soberbos e corruptos, pois Paulo disse: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl. 5.1).
Jorge Carvalho – Lages/SC


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